Durante o período (2006) que morei em Shenyang, capital da província de Liaoning, localizada na região nordeste da China, estive diversas vezes em Pequim a trabalho. A presidente do clube Liaoning São Paulo F.C., para o qual fora eu contratado como intérprete, pretendia ir ao Brasil a negócios – numa última tentativa para evitar a total falência da instituição. E cabia a mim a missão de enfrentar as tão temidas, pelos chineses, feras da burocracia da Embaixada Brasileira, sediada na capital, a fim de conseguir visto para a chefe ir às terras tupiniquins.
Na realidade, tratava-se de uma única fera. Falando um portunhol carregado, a responsável pelo recebimento do pedido de visto era uma chinesa matrona, que sabia ser persuasiva com sua cara pouco amigável.
Mesmo tendo ido ao Brasil no ano anterior, continuava complicado o processo de obtenção do visto brasileiro, posto que muitos chineses forjavam documentos, principalmente cartas convites, o que me obrigava a ir com frequência a Pequim apresentar novos documentos ou averiguar em que pé andava o processo.
Nessas indas e vindas, tive oportunidade de registrar diversos fragmentos da multifacetada beleza pequinesa, que podem ser vistos através dos links abaixo:
Pequim, 27 de março de 2006
Pequim, 03 de abril de 2006
Alimentando os olhos com poesia
Uma de minhas fotos favoritas (03-04-2006)
Muitas imagens se perderam no ar por não estar com a câmera em riste, pronta para disparar – como diria um querido amigo da época do colegial, com espírito de artista serial killer, tirar uma foto seria como se estivéssemos atirando num alvo. Lembro-me de, certa manhã, a caminho da Embaixada do Brasil, ver cruzar a rua, e logo desaparecer na esquina seguinte, um executivo com pinta de europeu a pilotar um veículo com design futurista, cujo nome só vim a saber agora, após pesquisa no Google. Em 2008, voltei a rever o Segway, no aeroporto Schiphol, em Amsterdã. Desta vez, o brinquedinho era conduzido por um segurança do aeroporto. No final do mês passado, me deparei com dois policiais, em plena Paulista, a fazer patrulha tais quais galãs de filme de ficção. É o Brasil se modernizando.
Outra cena que me marcou, durante um passeio pelo boêmio lago Houhai, foi a de um menininho sentado num caixote improvisado, na traseira de uma bicicleta, em meio às típicas garrafas verdes de cerveja chinesa. A bicicleta contornou a beira do lago, atravessou uma pequena ponte, e sumiu sem dar-me chance de pegar a câmera. Por um momento, dois mundos fundiram-se e pude sentir o deleite com que se comprazia o chinesinho ao ver o mundo rodar como numa grande tela de cinema.
Essa última foto me lembro “The Art of Travel”. Muita inspiração, Gilson!
Não conhecia esse livro. Fiz uma pesquisa no Google imagem e ele me pareceu interessante. Vou procurá-lo na Xinhua Bookstore.